Artigo 7 — Mulheres têm direito às suas próprias comunidades esportivas

Recentemente, ao assinar uma única ordem executiva, o presidente Joe Biden tornou os esportes femininos inviáveis nos Estados Unidos. No Brasil, a inclusão de pessoas do sexo masculino no esporte feminino tem sido um assunto de difícil trato. Na tentativa de “promover a inclusão” muitas pessoas tem defendido a participação de homens nessas categorias, ignorando que isso pode comprometer a segurança de mulheres e meninas.

Os esportes das mulheres são separados dos dos homens não apenas pela clara diferença de força física e propulsora. Essas categorias existem também porque mulheres possuem outras habilidades que muitas vezes não são avaliadas, visto que a performance esportiva é, em geral, fundada na experiência masculina. A força física não compromete só a chance de comparar essas performances, mas a segurança em campo: em esportes de contato, muitas mulheres são submetidas a danos físicos que, caso competissem em igualdade de condições com outras mulheres, não ocorreriam. É o caso de Tamikka Brents, que sofreu uma concussão e outras lesões numa luta de MMA contra um atleta do sexo masculino.

Outra questão diz respeito aos esportes criados por mulheres, precisamente por serem excluídas dos jogos praticados por homens. Um exemplo é o Roller Derby: times dessa modalidade de patinação, inventada por americanas nos anos 1930, vem sofrendo pressões de todos os tipos para incluírem homens em suas agremiações. Assim, não é apenas a prática esportiva que fica comprometida com as políticas de “identidade de gênero”, mas a própria construção de uma comunidade de mulheres.

Mulheres tiveram de lutar por muitos anos para poder mostrar suas habilidades esportivas no Brasil. Até 1979 era proibido por lei que mulheres pudessem participar de qualquer atividade esportiva pública, sob a alegação de que algumas delas (não especificadas) iam “contra a natureza” das mulheres e prejudicavam a sua capacidade reprodutiva presumida. Antes de essa lei cair, mulheres chegaram a ser presas por jogarem futebol; ou seja, metade da população do “país do futebol” era proibido de praticá-lo!