No dia 8 de maio, o evento “Reunião de Antropologia do Mercosul – RAM” enviou um e-mail para a acadêmica, professora e mãe Fabiana Jordão Martinez. Eis o conteúdo do e-mail, que foi enviado também para a jornalista Eugênia Rodrigues, porta-voz da campanha No Corpo Certo:

“Prezadas Fabiana e Eugenia, 

Após análise da proposta do minicurso intitulado “Misoginia e ameaças aos direitos das mulheres: uma abordagem crítica ao conceito de gênero”, a Comissão avaliadora decidiu recusá-la. Ao alinhar-se com os princípios das chamadas abertas no âmbito da XIV Reunião de Antropologia do Mercosul e com os objetivos gerais deste evento, a Comissão deu prioridade a propostas que enfatizam o respeito e a tolerância aos direitos humanos, à diversidade de gênero e às conquistas históricas do movimentos sociais, dentro e fora da academia.

Atenciosamente,

Comissão organizadora”

Não ficamos surpresas porque, como você já sabe, universidades, eventos e congressos desse tipo estão, há décadas, comprometidos com as políticas que visam ao apagamento do sexo, apagamento esse que é feito, também, pelo uso e abuso da palavra “gênero”. Ao contrário do que alega a Reunião de Antropologia, é precisamente porque estamos, nós – WDI Brasil, acadêmicas corajosas como Fabiana e as mulheres que nos apóiam — comprometidas com o “respeito e a tolerância” dos Direitos Humanos das meninas e mulheres, é precisamente porque queremos garantir as “conquistas históricas” das meninas e mulheres, que apontamos os prejuízos da adoção — ou melhor, imposição — do conceito de “gênero” — em substituição ao sexo. Insistimos: os direitos de meninas e mulheres são baseados no sexo.

Registramos nossa revolta com a injustiça. A misoginia é uma opressão milenar e estrutural, que atinge mais da metade da população mundial formada por meninas e mulheres e poucos (ou nenhum) dos minicursos escolhidos pelo RAM seriam mais importantes do que um que se destine a ensinar o que ela é, seus inúmeros desdobramentos e as táticas pelas quais ela se renova — como a imposição de termos errôneos e/ou questionáveis. A recusa a este minicurso reforça que questionar esse termo é fundamental e não vamos parar. Convidamos você a escrever para o evento em nosso apoio — e, caso esteja inscrita, rever se realmente quer seu dinheiro destinado a quem vai diretamente contra seus interesses e direitos sexuais. A instituição organizadora do evento foi a Síntese Eventos e o e-mail da XIV Reunião de Antropologia do Mercosul é ram@sinteseeventos.com.br

Evento impede acadêmica de dar curso que questiona o termo “gênero”

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