Nós, do capítulo brasileiro da Women’s Declaration International, redigimos uma carta endereçada à Reitoria da Universidade de Brasília e à sua Coordenação de Mulheres a respeito da possível implantação de banheiros “neutros” na referida instituição. Destacamos alguns trechos abaixo. Você pode fazer o download da carta completa no link a seguir.
No dia 15 de setembro, fomos informadas por nossas seguidoras de que o perfil no Instagram da Secretaria de Direitos Humanos da UNB publicou um post informando que haveria uma reunião no dia 16 sobre a implantação de banheiros, ditos “neutros”, nessa universidade. Sendo a UnB um espaço público que atende a mais de 20 mil estudantes mulheres, sem contar professoras, servidoras, terceirizadas e visitantes, consideramos importante acompanhar o processo, que até então parecia ser público, pois o link do aplicativo Microsoft Teams para a reunião foi fornecido pelo próprio perfil da Secretaria.
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O sexo existe, é real, é visível e os homens usam das nossas diferenças sexuais para nos subjugar. As pessoas são ou do sexo feminino (mulheres) ou do sexo masculino (homens), inclusive aquelas com cariótipos diferentes. Fenotipicamente, a maioria de nós desenvolve características sexuais secundárias que são marcadores muito visíveis. Dizer que o sexo não existe também é falso, seja essa afirmação vinda de um lugar de ignorância, seja vinda de um lugar de dominação. As 642 meninas com menos de 15 anos que fizeram abortos em 2020 são do sexo feminino. As pessoas perseguidas e estupradas na UnB têm sexo, são do sexo feminino, são mulheres. Seus perseguidores e estupradores também têm, são homens, pessoas do sexo masculino. Mudar o nome das categorias não vai fazer com que a violência diminua. A troca de nomenclatura não deixa as mulheres mais seguras; pelo contrário, nos torna vulneráveis a qualquer homem que alegue não ter uma autoidentificação com seu sexo.
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É importante que a Reitoria e a Coordenação de Mulheres atentem para duas coisas que não podem ser ignoradas: para a segurança das mulheres, não existe, na teoria nem na prática, qualquer vantagem ou benefício em permitir que pessoas do sexo masculino acessem livremente banheiros femininos. Também não existe vantagem para nós em transformar alguns dos banheiros femininos em espaços supostamente “neutros”, pois essa simples noção é algo que diminui a quantidade de banheiros seguros para mulheres. As duas coisas são incompatíveis com os interesses das mulheres e a WDI Brasil desafia qualquer pessoa interessada no tema a provar o contrário.
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