Sendo feministas radicais, muitas vezes perguntam pra gente por que “insistimos tanto” em combater homens que mentem que são mulheres. Desde que começamos a nos interessar pelo assunto somos acusadas de “estar obcecadas” por eles. Seja por burrice, dissimulação e/ou desinformação, o pessoal parece se esquecer de que esses homens são… homens.

Essa informação devia ser central para qualquer uma que se diga feminista ou que queira defender outras mulheres. Como só existem dois sexos, esses homens não são um terceiro grupo. Eles não são uma subcategoria. Eles não são uma minoria. Eles não têm sequer uma característica comum que seja objetiva e que os una. A suposta incongruência entre o corpo e a mente não é só subjetiva, é também essencialista. Dizer que sua mente “sente” que você deveria ser de outro sexo é tentar justificar comportamentos que não precisam de justificativa.

Qualquer pessoa pode se feminilizar ou se masculinizar. Isso não muda o sexo de ninguém.

Esses homens compõem um tipo de tribo urbana ligada apenas pelo que dizem sobre si mesmos, e o que dizem é mentira. Falam que são do sexo oposto, ou que não pertencem ao próprio sexo.

Se eles acreditam mesmo no que afirmam, então se trata de uma religião. Ninguém tem, ou deveria ter, obrigação de acreditar na mesma coisa que eles. Num estado laico, a expectativa de adesão à crença deve atingir apenas àqueles que se comprometem com a crença.

É por isso que insistimos que, quem puder, os chame de homens. Tem medo de usar o termo homem? Use o acrônimo PSMAN (Pessoa do Sexo Masculino de Autoidentidade Narratória), ele é meramente descritivo.

Algumas pessoas alegam que eles não são “o nosso maior problema”, talvez porque os homens do nosso convívio sejam os que têm mais chance de nos violentar diretamente. Sabemos que, na prática, qualquer homem pode ser muito perigoso, violento e/ou abusador. Abusadores não têm cara. Na teoria, porém, o que eles estão dizendo é que não são homens, portanto devemos baixar nossas defesas, presumir que não serão perigosos e recebê-los em todos os espaços de mulheres. Lobos em pele de cordeiro são, sim, mais perigosos.

Esses homens querem que o sistema mude, não para que as mulheres tenham mais segurança e sejam proporcionalmente incluídas na sociedade (já que somos metade do mundo), mas para que eles sejam incluídos nos poucos espaços exclusivos de mulheres.

E vários deles estão organizados em torno disso. Em torno de destruir nossos direitos sexuais, de apagar o sexo das leis, de substituí-lo pela autoidentidade. Querem trocar o conceito objetivo de sexo pela ideia subjetiva de autoidentidade, provada apenas pela palavra deles, baseada na crença que possuem. Estão organizados em furar nossas defesas, impor autoritariamente suas crenças, desmantelar os direitos que já conquistamos. Se achar que é invenção, pense em exemplos práticos: cotas na política. Homens competindo em esportes femininos.

Talvez esses homens sejam até mais perigosos e destrutivos que aqueles que querem controlar nossos direitos reprodutivos, porque o avanço de suas ideias misóginas e da dilapidação do sexo nas leis impede que nos nomeemos e que possamos nos organizar. Eles podem nos acusar de ter preconceito contra a crença deles e podem se forçar em nossos espaços. Invadir. Conquistar.

Lembrem-se também que esse suposto preconceito tem hoje a mesma equivalência de racismo. Isso é uma piada de mau gosto com a discriminação racial, com a cara das pessoas que sofrem racismo.

Não estamos exagerando, essas coisas são ditas publicamente. Vocês se lembram do discurso de Emilio Araújo da Silva (também conhecido como Silvia Cavalleire) na Comissão de Direitos Humanos, na Câmara dos Deputados? Ele disse: “Precisamos revolucionar as leis brasileiras que ainda falam em sexo. (…) O sexo é uma coisa biológica. Para avançarmos nas políticas públicas para a população LGBT, nós precisamos (…) abolir o sexo e começar a trabalhar o gênero: gênero feminino, gênero masculino, gênero fluido ou ausência de gênero.” Eles já tinham esse plano em 2017. Vejam aqui: https://bit.ly/3nd7y7k

Emilio Araújo da Silva (também conhecido como Silvia Cavalleire)


A vida desses homens gira em torno de violar nossos direitos para “se validar”. Não é à toa que eles vêem uma denúncia de violência e prontamente se identificam com o denunciado, em vez de se identificar com a vítima.

Também não é à toa que a internet está cheia de homens que mentem que são mulheres dizendo que se sentem validados quando recebem cantadas ou são sexualmente assediados. O Reddit tem um grupo com 19 mil pessoas só pra esse tipo de papo: https://www.reddit.com/r/ewphoria/

Então, nos últimos episódios que observamos no Ministério dos Direitos Humanos, não é nenhuma surpresa que vários desses homens tenham partido em defesa do acusado. É evidente que qualquer pessoa tem “direito ao contraditório” e “é inocente até que se prove o contrário”, essa é a lei do país. Mas para qualquer feminista que não esteja cochilando, é ainda mais evidente qual o objetivo que as pessoas têm quando dizem isso para uma acusação de violência sexual.

Imagina alguém que diz que é feminista falando publicamente, na cara da vítima, que o acusado “é inocente até que se prove ao contrário”…

Outro motivo de não ser nenhuma surpresa é que no Brasil, muitos homens que alegam ser mulheres estão aparelhando a máquina pública há anos, em todos os governos. São parasitas.

Neste momento, o Ministério dos Direitos Humanos tem diversos projetos muito bons, como o Cidadania Marajó, para combater a exploração sexual de menores na ilha; o Ruas Visíveis, um plano nacional para as pessoas em situação de rua e o Plano Nacional para Erradicação do Trabalho Escravo. Ele também tem projetos voltados para pessoas que alegam ser do outro sexo ou não ser do sexo com que nasceram, ou seja, ao menos teoricamente esses projetos estariam em pé de igualdade com os outros projetos mencionados.

A nova ministra, Macaé Evaristo, assume dois desses projetos: um é para que possam trocar de nome e o outro é voltado para profissionalização. Vocês se lembram que um projeto parecido de profissionalização foi oferecido em São Paulo, voltado principalmente para homens que alegam que são mulheres? Percebam que a profissionalização nunca foi oferecida para as mulheres em situação de prostituição, para que tivessem uma opção de saída. Direitos humanos para mulheres? Sei não…

Silvio Almeida e Marcelo Brito (também conhecido como Symmy Larrat)

Para fins de registro, saibam que mais de 8 milhões de reais foram aplicados em 3 projetos “LGBTQI”, aparentemente todos em parceria com Marcelo Brito / Symmy Larrat (que já apagou de seu instagram as fotos recentes com o ex-chefe). É dinheiro que deixou de ser aplicado por exemplo na melhoria de vida da população com deficiência, da população idosa, de pessoas vítimas de trabalho escravo e, é claro, de mulheres. Mulheres que atualmente não são mais reconhecidas como uma população em si (pessoas do sexo feminino), e parecem ser mencionadas apenas em conjunto com esses homens.

Quem vai dizer se o ex-ministro é culpado é a justiça, lógico. Mas a gente que não tem compromisso com homem não espera nada da palavra de um cara que acredita que homens são mulheres, já que essa também é a palavra deles…

Antifeministas Organizados

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